quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mais calçadas, mais ciclovias e menos espaços para carros nas cidades

No dia de hoje (25/11/2009) tive a oportunidade de assistir a uma conferência ministrada pelo Sr. Guilhermo Peñalosa (http://walkandbikeforlife.org) sobre Planejamento de Espaços Esportivos Coletivos durante o Congresso Internacional de Gestão do Esporte e do Lazer promovido pelo SESC, EEFEUSP (Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo) e ISCA (International and Sports Culture Association).


O Sr. Peñalosa falou sobre a importância de se promover a qualidade de vida dos habitantes de uma cidade através de um planejamento consciente e intencional que priorize o pedestre e o ciclista, criando espaços e infraestrutura necessária para esses dois meios de transporte.

O Tema é absolutamente fascinante e atual. Diante da realidade em que vivemos nos grandes centros urbanos como São Paulo, onde a qualidade de vida vem se deteriorando progressivamente, em função dos inúmero problemas advindo do excesso de veículos particulares, pensar em alternativas para esses problemas passa a ser uma questão crucial.



Segundo Guilhermo, uma cidade que priorize os pedestres e os ciclistas é uma cidade com cidadãos mais felizes e com índices de qualidade de vida superiores. Priorizar pedestre e ciclistas significa basicamente construir calçadas e ciclovias. Mas não quaisquer calçadas e ciclovias. Calçadas adequadamente pavimentadas, arborizadas e seguras, que convidem as pessoas a andarem com segurança e conforto. O mesmo se aplica em relação às ciclovias. Segundo ele, cada meio de transporte deve ter o seu espaço fisicamente separado. Isso por que a velocidade de locomoção para pedestres, para ciclistas e para carros e ônibus é diferente. Não adiante destinar um espaço para pedestres apenas pintando uma faixa no chão, pois os carros não respeitam esse tipo de sinalização. Assim, é preciso criar as ciclovias fisicamente separadas das ruas e das calçadas para pedestres.

Citou exemplos de diversos países do chamado primeiro mundo onde existe um intenso movimento de valorização e incentivo do uso das calçadas pelos pedestres e das ciclovias pelos ciclistas. Cada vez mais, em cidades como Copenhague na Dinamarca, Nova York nos EUA e Paris na França, as políticas públicas tem trabalhado no sentido de transformar radicalmente o perfil dos transportes urbanos e onde se via muito espaço destinado aos vaículos motorizados (carros, motos e ônibus), o que se v~e é uma diminuição desses espaços e um aumento radical das ciclovias e das calçadas.



Os efeitos são altamente positivos nos índices de poluição dessas cidades, já que caminhar e pedalar são atividades que não emitem gás carbônico ou outros poluentes. Além disso, as calçadas e as ciclovias são espaços privilegiados de socialização. Andando nas ruas as pessoas conhecem umas as outras, conversam e fazem amigos. Ao mesmo tempo, populações que andam mais e pedalam mais são naturalmente mais saudáveis e os níveis de pessoas acometidas por obesidade e outras doenças crônicas degenerativas é menor, o que implica em diminuição de custos na área de saúde pública.

Fiquei muito bem impressionado com a exposição do Sr. Guilhermo, especialmente quando ele afirma que essas mudanças na estrutura de transporte das cidades depende apenas de visão e de decisão política, já que os custos implicados nessas mudanças são pequenos e está ao alcance de qualquer cidade.

Oxalá os políticos entendam essa questão e tomem a atitude necessária para mudar a realidade das nossas cidades. Mas, como bem lembrou o Sr. Peñalosa, é imprescindível que a sociedade civil se mobilize e exija dos seus governantes tais atitudes.